sábado, 19 de enero de 2008

Miedo

Tengo miedo.
Miedo a dar el primer paso.
Miedo a decir hola,
a decir que sí
o que no,
o que la vida puede ser
un lugar precioso.
Miedo a hacer una llamada,
o a contestar un e-mail.
A correr descalzo por la calle
con el corazón en las manos.
O a romper las antenas de los tejados.

Y lo sé desde siempre. Cada día, cada hora, cada minuto. Algo negro que se esconde en tu alma, y que aprendes a sentir como propio, aunque jamás dejas de luchar contra él. Ese miedo que retrasa eternamente tus planes, todo lo que quieres hacer, hasta mañana. Y sé que no podemos escapar de lo que somos, y que nunca podré derrotarlo del todo. Solo debo intentar no desfallecer y seguir luchando, por siempre.

Pessoa lo sabía. Él antes que yo vivió esta absurda abulia, y escribió los versos que mejor describen ese estado de ánimo. El poema se llama adiamento.

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de Domingo divertia-se toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de Domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é o que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanha serei finalmente o que hoje não posso nunca
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã..

O porvir...
Sim, o porvir...

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